Primavera - I
És a princesa do nascimento
Que limpa a água e faz a flor
Quebras o tempo no pensamento
E dás à vida uma outra cor
Pois essa é a vida que trazes a tudo
Enquanto nadas no Sol risonho
E contaminas, o corpo puro
Que se perde na paz do sonho
És a rainha de tanta beleza
És a doçura, a Primavera
Tocas de vida a Natureza
E logo partes para outra Era
Verão - II
Ardes na sombra do Sol ardente
É o teu ar, o mar mais quente
És essa luz na escuridão
Que queima rente ao coração
Vais desde a Vida, até à Morte
Trazes azar e levas sorte
És como o mar que banha a areia
E és o cântico de uma sereia
São tuas noites, as mais estreladas
São estas noites, as mais amadas
És tu ternura e compaixão
Não fosses tu o belo Verão
Inverno - III
Ah! O belo Inverno
Que chega sobre a sombra do Outono
Estação de frio e toque morno
Que é ao ouvido um canto terno
É teu, Inverno,
O vento gélido e tenebroso
O beijo amargo mas amoroso
Que escreves em teu caderno
Diz-me Inverno
Porque desenhas a aurora nos céus
Porque feres os lábios meus
Quando és cruel como o inferno
Outono - IV
Não te aproximes, não te quero sentir
Nos teus olhos não há graça alguma
E não mintas nem tentes sequer fingir
Que ao belo pássaro tiras a pluma
Sei que essa mão fria e áspera
Arranca da árvore, a sua folha
Porque sorris sobre essa máscara
Quando a minha lágrima me molha
Tocas-me e dizes a tua oferta
Enquanto me prendes ao teu trono
Não trazes nada, só morte certa
Quando és tu, o negro Outono
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Canto de soldado
Sou um soldado que caminha
Para a frente de fogo
Lá não vejo vida
Nem morte certa
Não hesito, nem um passo
Frente a este som estridente
Tão amavelmente me chama
E docemente me sente
É um canto negro
Que traz apenas o silêncio
Mais que um sonho, mais que o medo
E que ao ouvido me diz um segredo...
Marcho agora com as armas
E contra as armas vou marchar
Agora sigo sempre em frente
Para nunca mais voltar
Para a frente de fogo
Lá não vejo vida
Nem morte certa
Não hesito, nem um passo
Frente a este som estridente
Tão amavelmente me chama
E docemente me sente
É um canto negro
Que traz apenas o silêncio
Mais que um sonho, mais que o medo
E que ao ouvido me diz um segredo...
Marcho agora com as armas
E contra as armas vou marchar
Agora sigo sempre em frente
Para nunca mais voltar
Olhos
São eles sangue, são eles água
São eles dor, são eles mágoa
São um caminho, são uma estrada
Que mostra tudo, e não mostra nada
Vêem-se os olhos uns aos outros
Sem palavras, falam entre si
São mensageiros do que vai na alma
São rastos de luz, sem fim
Nos olhos cabe um oceano
Cabe o mundo, o universo
Cabe o tempo, cabe o sabor
E cabe a vida e o amor
São estrelas na noite
Relâmpagos de puro crer
São chamas de eternidade
Que dão tudo e nada a perder
São eles dor, são eles mágoa
São um caminho, são uma estrada
Que mostra tudo, e não mostra nada
Vêem-se os olhos uns aos outros
Sem palavras, falam entre si
São mensageiros do que vai na alma
São rastos de luz, sem fim
Nos olhos cabe um oceano
Cabe o mundo, o universo
Cabe o tempo, cabe o sabor
E cabe a vida e o amor
São estrelas na noite
Relâmpagos de puro crer
São chamas de eternidade
Que dão tudo e nada a perder
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Humanidade
Humanidade que te apresentas
Mais artificial do que nunca o foste
Criando e destruindo diariamente
Relações que se formam do nada
Que crescem e evoluem mais do que depressa
Com bases tão sólidas como quebradiças
Desde que existam, que mais interessa?
Baseadas em amores pré-feitos
Criadas sobre olhares perfeitos
Reagem tanto ao que se ve
A apreciações tão físicas como fúteis
Acabando em relações mais do que inúteis
E sonhar sabe tão bem
Que até acordados o fazemos
Já que de olhos abertos
Vemos mais do que queremos
Sobre balanças descalibradas
A justiça já não é mais cega
Esquecida por todos
Chamada por aqueles, que derrotados,
Ainda nela acreditam...
Mais artificial do que nunca o foste
Criando e destruindo diariamente
Relações que se formam do nada
Que crescem e evoluem mais do que depressa
Com bases tão sólidas como quebradiças
Desde que existam, que mais interessa?
Baseadas em amores pré-feitos
Criadas sobre olhares perfeitos
Reagem tanto ao que se ve
A apreciações tão físicas como fúteis
Acabando em relações mais do que inúteis
E sonhar sabe tão bem
Que até acordados o fazemos
Já que de olhos abertos
Vemos mais do que queremos
Sobre balanças descalibradas
A justiça já não é mais cega
Esquecida por todos
Chamada por aqueles, que derrotados,
Ainda nela acreditam...
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